10 de julho de 2022

Conto: Uma Aventura Noturna


 Boas maltinha! Hoje trago-vos algo da minha autoria. 

O objetivo era apenas pegar numa personagem a meu gosto e fazê-la cometer um crime.

Aqui está o resultado:

 

Uma aventura Noturna

 

Era segunda feira à noite e Randalf sentia-se cansado. Esta era a sua última entrega da noite, depois disso poderia voltar para casa e dedicar-se ao descanso real de três dias de folga.

Era numa farmácia no centro da cidade, já sabia que tinha de esperar que encerrassem para virem rececionar a mercadoria, ainda assim chegou um pouco cedo de mais, quinze minutos. Saiu do camião, para o ar fresco da noite, acendeu um cigarro e deu uma primeira e longa passa. Não gostava de fumar dentro do camião, preferia fumar na rua.

Esta noite não estava sozinho. Um homem de meia idade andava de um lado para o outro, de cabeça baixa, dava para perceber que pensava em alguma coisa, falava sozinho. Randalf viu-o, mas tinha a certeza de que o homem não o tinha visto a ele.

As luzes apagaram-se dentro da farmácia e acenderam-se no exterior. Os candeeiros que se encontravam por cima do portão de cargas e descargas iluminaram Randalf e o camião e isso despertou o homem do seu transe.

— Boa sorte amigo, elas hoje estão muito sensíveis. – disse o homem antes de se afastar.

 

 

Sebastian não tinha muito tempo para dar a volta ao quarteirão e surpreender a descarga de medicamentos. Precisava urgentemente daquilo que fora ali buscar e não partiria sem eles no bolso.

As farmacêuticas, fartas de o ouvir, garantiram-lhe que o produto iria chegar na remessa dessa noite e que ele poderia voltar na manhã seguinte para os ir buscar.

Na manhã seguinte? Eu preciso deles agora! E quanto mais depressa melhor, pensou Sebastian.

Respirou fundo e saiu da farmácia. Precisava de um plano. Ficou a matutar ao relento e quando viu o camião chegar percebeu que a informação só podia ser verdadeira. Teria de passar-se por alguém vulnerável e ligeiramente demente, nada que não conseguisse, ou não fosse ele um dos melhores psicólogos.

Agora corria aquilo que as pernas já não lhe permitiam e que o excesso de peso só atrapalhava, mas ele tinha uma missão.

Quando chegou às traseiras da farmácia, escondeu-se atrás de um muro para ver o que estava a acontecer. O portão das entregas já estava aberto, mas ainda não começaram a descer a mercadoria do camião.

 

 

— Tudo aconteceu muito rápido. – desabafou uma das farmacêuticas. – Estávamos a descarregar a encomenda quando aquele homem vem a correr em direção a nós, a gritar rouba uma caixa das já conferidas e continua a correr para longe de nós.

— Ninguém foi atrás dele? – perguntou a Inspetora Alicia Oldman.

— Quem iria correr atrás de um louco? – questionou Randalf, em sua defesa.

— Como sabem que é louco?

— Quem é que vem às onze da noite importunar duas farmacêuticas e esperar pelo encerramento da farmácia para roubar uma caixa de preservativos?

— Ele não se foi embora, esteve ali mais de quarenta minutos a fazer perguntas e só aceitou retirar-se quando lhe garantimos que amanhã de manhã poderia voltar que já haveria o que ele queria. – respondeu a outra farmacêutica.

— Então foram vocês que lhe contaram da entrega desta noite. – constatou Alicia.

— Sim! Só queríamos que ele se fosse embora.

— Conseguem identifica-lo?

— Conseguimos melhor. Há câmaras dentro da farmácia, de certeza que o apanharam.

 


— Não posso crer no que vejo. – disse a Inspetora Alicia enquanto olhava a imagem parada das filmagens. A cara do suspeito enchia a tela quase por completo – Mais alguém o reconhece?

Todos se entreolharam, ninguém parecia saber quem era aquele homem.

— Aquele é o Sebastian Bergman, aquele psicólogo famoso que ajuda a equipa da Ricksmord em casos especiais. Já escreveu alguns livros e sim, agora sim faz sentido.

— O que é que faz sentido? – pergunta Randalf.

— Ele foi “diagnosticado” televisivamente por vários outros psicólogos com uma desordem sexual. Devido à perda da mulher e da filha no tsunami de 2008 ele desenvolveu este escape para lidar com a dor. Daí a sua necessidade extrema de conseguir os preservativos para ontem.

 

 

Um toque insistente de campainha despertou Úrsula. Estremunhada, deixou Sebastian na cama a dormir profundamente e foi até à porta.

— Inspetora Alicia Oldman. – disse a Inspetora enquanto mostrava o seu distintivo.

— Em que posso ajudá-la?

— Sebastian Bergman está em casa?

— Está a dormir.

— Precisamos de falar.

 

Sebastian acorda com dois abanões e um grito. Valha-me Deus Úrsula, queres matar-me ainda antes de me acordares?, pensou.

— Tens uma visita na sala.

Quando ele entrou na sala e se deparou com Alicia compreende que a aventura da noite passada foi bem investigada.

FIM


Deixem a vossa opinião e digam se querem mais

Beijos

5 comentários:

  1. Gostei, mas soube me a pouco. Estava entusiamada a ler, queria mais😊

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    1. Ainda bem que gostou 😁 em breve haverão mais. Espero que continue a divertir-se com estas leituras.

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  2. Gostei muito e quero saber o que mais vai acontecer

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