17 de setembro de 2023

Opinião Literária - A Rapariga da Cabana, de Romy Hausmann



Boas Maltinha,


Há capas que nos chamam à atenção e esta foi uma delas. Aquela casinha de paus um tanto sinistra, um tanto apelativa chamou-me logo na primeira vez que a vi. 

O que há de fazer o leitor quando um livro o chama assim?

Aquilo que sabe fazer melhor: vai pegar nele e vai lê-lo. De preferência com mais amigos literários. Foi o que eu fiz! 


Não só lemos o livro, como decidimos ainda ver a mini série que estreou na Netflix este mês.


Desde o inicio do livro que fiquei vidrada na personagem Hannah. Uma criança, no mínimo, intrigante. Ficamos a pensar: o que raio vem dali? É uma personagem que nos deixa na dúvida, sobre o seu envolvimento, o tempo todo.

Tudo neste livro é perturbador. Não há uma personagem saudável ou um acontecimento regular. 

Ainda me pergunto como é que a autora conseguiu criar esta atmosfera. Como é que conseguiu imaginar uma coisa tão hedionda e ainda por cima transformá-la (para as personagens) numa coisa banal como uma família feliz numa cabana.

Adorei o livro e adorei a série.


Falando agora um pouco sobre a produção televisiva. 

Fiquei um pouco confusa pois alguns dos personagens não são os mesmos do livro, apesar de terem o mesmo nome, não têm o mesmo género. Em alguns casos, as suas batalhas individuais não são as mesmas e os motivos também estão alterados.

Eu sei, eu sei, uma série é apenas "baseada" no livro. Ainda assim, no meu ponto de vista, a história e os pontos principais devem ser os mesmos. 

Neste caso, com nomes diferentes, podiam ser duas histórias distintas.

No entanto, isso não invalidou a minha satisfação de visionamento.


E vocês, o que têm a dizer sobre A Rapariga da Cabana?


Beijos


2 de setembro de 2023

Opinião Literária - Novas Crónica da Boca do Inferno, de Ricardo Araújo Pereira

 

Olá, Maltinha, 

Espero que se encontrem bem e preparados para mais uma opinião =)

Desta vez trago-vos aquilo a que chamo uma "Leitura a Caracol", uma leitura que me acompanha, pelo menos, durante um ano. Não porque não goste dela, mas porque gosto de a fazer render. 

Os livros do Ricardo são ótimos para esta brincadeira, as suas Crónicas são agradáveis facadas na nossa vida que nos relembram o quão miseráveis somos, tanto para o nosso País como para o Mundo em geral. 

O escrutínio pela morte tem destas coisas, dá-nos a certeza de que não somos ninguém e que, quando morrermos, o mundo vai continuar a existir. Sem qualquer problema, remorso ou saudade.


Entre o dia em que nascemos e morremos resta-nos uma coisa: viver, ou no caso da grande classe trabalhadora daquela altura (2008) e desta altura (2023) sobreviver. 

Este livro mostra-nos que, apesar do tempo que passou, ainda não aprendemos, voltámos a repetir os mesmos erros. As únicas coisas que mudaram foram: o nome da Pandemia e o nome dos Intrujas.


Outra coisa que não mudou foi o fanatismo por remodelações em tempos difíceis, se na altura o Ricardo sentiu necessidade de escrever uma Crónica sobre os móveis IKEA, neste período de pandemia, abundámos em vídeos sobre como fazer o quê para melhorar a casa e mantermo-nos ocupados.