30 de julho de 2025

Microconto - Aconchegado a mim


Acordo estremunhada. Debaixo dos lençóis, encostado a mim, sinto algo felpudo e quente. Afago-o. E sinto o meu gato a aconchegar-se contra o meu corpo numa tentativa de eliminar o abraço frio das últimas noites. Apalpo, insistente, o espaço em meu redor à procura do telemóvel, preciso de saber de quantas horas ainda disponho para dormir até à alvorada.

Em tempo real, exposta no ecrã desbloqueado está uma imagem que nunca esquecerei: o Nico deitado, na sua manta favorita, enroscado e com o focinho de frente para a câmara de vigilância.

Saberei eu o que tenho encostado a mim?

15 de julho de 2025

Opinião Literária - A Mata que Mata, de Lourenço Seruya

 
Boas Maltinha,
Mais uma entrada, mais um livrinho!

Hoje trago um autor português e o inicio de uma série, a do Bruno Saraiva. 
Como muitas vezes me acontece, começo as séries pelo livro que me chama a atenção e só quando o estou a ler é que percebo que o mesmo está inserido numa história maior e com muito mais para descobrir do que "apenas" aquilo que me atraiu (sim, eu sou daquelas pessoas que pega num livro, o traz para casa e começa a ler sem ver se existe um background. O elemento surpresa sempre me cativou). Esta série, comecei-a pelo terceiro volume, "Crime na Quinta das Lágrimas", e ainda não o tinha terminado e já sabia que tinha de ler os anteriores e os possíveis vindouros. 

Nos dois volumes que li, os crimes ocorrem à "porta fechada", onde o assassino se encontra no seio do grupo. Está exatamente no mesmo local onde tudo acontece e tem livre acesso a tudo o que se passa. Se por um lado é genial, por outro é frustrante, deixando ainda mais presente a necessidade de não confiar em ninguém. 

Apesar do leitor saber onde o assassino está, passa tooooda uma leitura a perguntar-se porque raio ainda não descobriu quem é e, se eventualmente desconfiar de alguém, vai sempre achar que é demasiado óbvio e tenta "ver" melhor todas as hipóteses. Não sei se todos olhamos da mesma forma, mas este leitor sou eu. Aquele que desconfia de todos, que acha que sabe quem é, mas não acredita que seja e, no fim, talvez tenha adivinhado, mas nunca esteve seguro disso. 
Também este tipo de leitor, o que me corresponde e que fica efetivamente frustrado, tem sérias dificuldades em manter a tranquilidade durante a leitura. O estado de espírito é de pura ansiedade e, a cada mudança de rumo na história ou de alteração de suspeito, há uma fechadela brusca de livro e uma impropério gritante. Não me interpretem mal, apesar de tudo isto, a necessidade de voltar e de descobrir quem é o/a CANALHA demonstra o lado bom de uma narrativa como esta.

Algo interessante que este autor nos proporciona é o facto de:
- Todos os suspeitos terem um lado mau, seja em personalidade ou em ações de vida - nenhum é santo, nem o morto;
- Todos os Inspetores têm uma falha gigante de personalidade;

Porque é que isto é importante? Epah, porque assim conseguimos perder a cabeça com todos de igual modo, intensificando assim a leitura ao ponto de querer entrar na história e tentar agredir todas as personagens existentes.

Agora que vos falei sobre isto, vou fazer dois ou três exercícios de controlo da respiração para tentar tranquilizar o meu estado de espírito alterado...
Em breve, irei debruçar-me sobre o volume 2 - A Maldição - e preciso de ter o ritmo cardíaco controlado.



10 de maio de 2025

Opinião Literária: A Livraria dos Gatos Pretos, de Piergiorgio Pulixi

 

Boas Maltinha, hoje venho com "ALTA LIVRO"!

Espero que estejam bem, como sempre, e que as vossas leituras tenham sido tão boas quanto as minhas.


Começo por dizer que este ano pus um objetivo diferente e que acho nunca ter posto anteriormente: comprar apenas 10 livros este ano. WHAT?? 

Passo a explicar: não me falta vontade, simplesmente considero que tenho demasiados livros em lista de espera e achei por bem reduzir a lista. 

No início do ano fiz 6 rifas com nomes de Livros que queria mesmo ler este ano - 3 internacionais e 3 nacionais - e já vou na segunda rifa (na primeira saiu o "Apontar é Feio, da Joana Marques; Podem ver a opinião literária aqui no blog).

E não é que ter saído este livro na rifa foi fenomenal?? É eu pude acrescentar mais uma leitura estrondosa aos meus favoritos de sempre.


Como dizem, o assassino está sempre entre nós e é apresentado logo no início. Este livro é excecional, mas não é excepção neste contexto. Vamos lá... 

Qual o motivo que te levaria a matar? Será assim uma pergunta tão descabida? Despois de ler este livro percebemos que não.


Tens de Escolher! Num minuto!

Quem morre e quem vive.

Aponta para quem queres que morra.

Se não escolheres, morrem os dois.


O tempo está a acabar.

Já escolheste?


Dos crimes mais tortuosos que já li e talvez dos mais legitimos também.

Que Final!


Esta é uma leitura envolvente e compulsiva, quer pela história, quer pela divisão do texto em pequenos capítulos. "Só mais um" transforma-se facilmente em mais dez e sem qualquer dificuldade (tirando acordar no dia seguinte) terminamos o livro e ficamos chocados.

30 de março de 2025

Opinião Literária: A Troca, de Beth O'Leary

 
Olá Maltinha, espero que se encontrem bem e "bem mergulhados" em leituras que vos deixem extasiados!


Hoje trago-vos um romance que, além de ser o tipo de leitura da qual estava a precisar, foi o que escolhi como primeira leitura através do novo serviço de empréstimo de livros, em suporte digital, das Bibliotecas Municipais - a BiblioLed.

Como todos nós sabemos, há leituras e leituras e, por vezes, nós precisamos de um certo tipo de leitura. Era o caso. Precisava de algo mais fácil de ler e de entrar na história, que não puxasse muito pela massa cinzenta e lá fui eu, numa nova aventura com a autora Beth O'Leary. Da sua bibliografia, já tinha lido o "Apartamento Partilha-se" e adorei, colocando em lista mental de futuras leituras as outras obras desta autora. Foi agora.


Esta é uma história bonita, bem estruturada e com humor à mistura. Fiquei comovida com ela e, de certa forma, fiquei marcada por ela. Apesar de ser um livro que eu considero de leitura leve, ele tem como mote o luto e esse não é, de todo, um assunto leve. No meu caso, é o assunto mais sensível que pode ser abordado, inclusivamente na literatura.


Quem nunca imaginou a sua vida de outra forma?

E se eu tivesse tomado decisões diferentes?


Neste livro, as protagonistas trocam de vida uma com a outra e, com isso, conseguem explorar e encontrar pedaços de si mesmas que estavam desaparecidos há muito tempo.

Três personagens perderam alguém muito especial e próximo, Carla, que morreu de cancro. Cada uma delas perdeu uma neta, uma filha e uma irmã, e, à sua maneira, não conseguiram aceitar essa morte. É aqui que a mudança e a procura interior se tornaram imprescindíveis, pois só assim elas poderiam prosseguir com as suas vidas.

Esta é uma história de amor, empatia e superação.

E Nunca há histórias a mais sobre estas temáticas.



P.S. Sinto-me grata por existirem mais livros desta autora para devorar ;D

20 de março de 2025

BiblioLed - A Minha Experiência

 

Olá Maltinha, espero que estejam bem e, caso estejam há procura de uma novidade ou de algo para "mudar as vossas vidas" fiquem por aqui que hoje vou falar-vos da milagrosa BIBLIOLED!


Para quem não sabe, a BiblioLed é uma invenção genial que junta uma quantidade enorme de Bibliotecas Municipais Portuguesas numa missão brutal e que vai revolucionar (pela positiva) a leitura em Portugal, pois, todas juntas criaram um portal de empréstimo de livros digitais. SAY WHAT??


Exato! E para poderes usufruir deste serviço público basta estares inscrito numa das Bibliotecas Municipais aderentes e, depois disso, inscreveres-te no portal online. Podes ainda descarregar a APP para o teu telemóvel e ter assim, à mão, um livro que tu querias muito ler e de forma completamente gratuita.

O que mais me encanta neste serviço é que ele, além de proporcionar mais leitura e a todos, ainda desvirtua (ainda mais) a utilização de livros adquiridos de forma ilegal. 


Mas chega de introduções e vamos à utilização do serviço em si. No dia 27 de janeiro, dia do lançamento, fiz logo a minha inscrição (como não tinha o meu número de sócia comigo, liguei para a biblioteca e quem me atendeu foi espetacular e acabamos por fazer, as duas, a inscrição, em simultâneo, pelo telemóvel) e comecei a explorar tudo o que encontrava.

Li as regras, claro, são claras como água: 

  • Tens 21 dias de empréstimo por cada exemplar;
  • Podes requisitar até 3 exemplares;
  • Podes reservar até 3 exemplares.

Nesse primeiro dia, foi fácil encontrar uma leitura (e eu escolhi "A Troca", de Beth O'Leary) porque a maioria dos livros ainda se encontravam "disponíveis". Daí em diante foi-se tornando mais difícil pois o estado dos e-books foram passando de "disponíveis" para "reservados" e é aí que a coisa parece mais assustadora. 

Será que vou conseguir reservar algum livro?, pensei eu. No dia 7 de fevereiro eram poucos os livros que estavam disponíveis para requisitar, então escolhi um livro que queria ler de seguida e selecionei a opção "reservar" e eis que a informação que me apareceu foi "disponibilidade a 1 de maio, encontram-se 11  pessoas em lista de espera à sua frente". SAY WHAT?? (again)

Basicamente eu tinha duas opções: indignar-me com esta situação ou simplesmente aceitar que estava apenas a acontecer exatamente a mesma coisa que acontece quando compro um livro e o enfio na estante. Só há uma diferença, é que a BiblioLed dá o alerta de quando o livro fica disponível para o requisitares. E adivinha? Se não carregares na tecla de "requisitar" ( não me apercebi quanto tempo temos para selecionar) ele passa ao próximo e tu perdes o lugar, é simples. 

Sei disto tudo porque queria ler uma série (#BrunoSaraiva, de Lourenço Seruya) e "reservei" os dois primeiros volumes. O que datava de 1 de maio era o segundo volume e eu achei que teria mais do que tempo, no entanto, estava eu a ler o primeiro volume quando, passados 2 ou 3 dias, o segundo ficou disponível. Ainda pensei requisitá-lo e rezar para ter o tempo necessário para ler os dois, mas depois pensei melhor: eu não iria fazê-lo. Então decidi não fazer nada e ir vendo o que acontecia. Aconteceu que ele fugiu e foi bater a outra APP.


Resumindo, esta nova forma de requisição de livros é maravilhosa!

É prática, é leve e dá-nos a oportunidade de ter sempre um livrinho connosco sem peso acrescido. Para quem já está habituado a ler com a Kobo, por exemplo, já conhecia estas vantagens, com a BiblioLed torna-se ainda melhor por ser gratuito e estar ao alcance de mais pessoas. 

Além disso, os livros requisitados na BiblioLed dão para inserir no kobo (leitor) e realizar a leitura de forma ainda mais cómoda (evitando a exposição prolongada à luz azul utilizada nos telemóveis). Até agora ainda não explorei esta opção, mas devo fazê-lo em breve... vou tentar traze-vos mais informações sobre esta funcionalidade no futuro.


Quem mais já explorou este serviço?