Boas maltinha! Hoje trago-vos algo da minha autoria.
O objetivo era apenas pegar numa personagem a meu gosto e fazê-la cometer um crime.
Aqui está o resultado:
Uma aventura Noturna
Era
segunda feira à noite e Randalf sentia-se cansado. Esta era a sua última
entrega da noite, depois disso poderia voltar para casa e dedicar-se ao
descanso real de três dias de folga.
Era
numa farmácia no centro da cidade, já sabia que tinha de esperar que
encerrassem para virem rececionar a mercadoria, ainda assim chegou um pouco
cedo de mais, quinze minutos. Saiu do camião, para o ar fresco da noite,
acendeu um cigarro e deu uma primeira e longa passa. Não gostava de fumar
dentro do camião, preferia fumar na rua.
Esta
noite não estava sozinho. Um homem de meia idade andava de um lado para o
outro, de cabeça baixa, dava para perceber que pensava em alguma coisa, falava
sozinho. Randalf viu-o, mas tinha a certeza de que o homem não o tinha visto a
ele.
As
luzes apagaram-se dentro da farmácia e acenderam-se no exterior. Os candeeiros
que se encontravam por cima do portão de cargas e descargas iluminaram Randalf e
o camião e isso despertou o homem do seu transe.
—
Boa sorte amigo, elas hoje estão muito sensíveis. – disse o homem antes de se afastar.

Sebastian
não tinha muito tempo para dar a volta ao quarteirão e surpreender a descarga
de medicamentos. Precisava urgentemente daquilo que fora ali buscar e não
partiria sem eles no bolso.
As
farmacêuticas, fartas de o ouvir, garantiram-lhe que o produto iria chegar na
remessa dessa noite e que ele poderia voltar na manhã seguinte para os ir
buscar.
Na
manhã seguinte? Eu preciso deles agora! E quanto mais depressa melhor,
pensou Sebastian.
Respirou
fundo e saiu da farmácia. Precisava de um plano. Ficou a matutar ao relento e
quando viu o camião chegar percebeu que a informação só podia ser verdadeira.
Teria de passar-se por alguém vulnerável e ligeiramente demente, nada que não
conseguisse, ou não fosse ele um dos melhores psicólogos.
Agora
corria aquilo que as pernas já não lhe permitiam e que o excesso de peso só
atrapalhava, mas ele tinha uma missão.
Quando
chegou às traseiras da farmácia, escondeu-se atrás de um muro para ver o que
estava a acontecer. O portão das entregas já estava aberto, mas ainda não
começaram a descer a mercadoria do camião.

—
Tudo aconteceu muito rápido. – desabafou uma das farmacêuticas. – Estávamos a
descarregar a encomenda quando aquele homem vem a correr em direção a nós, a
gritar rouba uma caixa das já conferidas e continua a correr para longe de nós.
—
Ninguém foi atrás dele? – perguntou a Inspetora Alicia Oldman.
—
Quem iria correr atrás de um louco? – questionou Randalf, em sua defesa.
—
Como sabem que é louco?
—
Quem é que vem às onze da noite importunar duas farmacêuticas e esperar pelo
encerramento da farmácia para roubar uma caixa de preservativos?
—
Ele não se foi embora, esteve ali mais de quarenta minutos a fazer perguntas e
só aceitou retirar-se quando lhe garantimos que amanhã de manhã poderia voltar
que já haveria o que ele queria. – respondeu a outra farmacêutica.
—
Então foram vocês que lhe contaram da entrega desta noite. – constatou Alicia.
—
Sim! Só queríamos que ele se fosse embora.
—
Conseguem identifica-lo?
—
Conseguimos melhor. Há câmaras dentro da farmácia, de certeza que o apanharam.
—
Não posso crer no que vejo. – disse a Inspetora Alicia enquanto olhava a
imagem parada das filmagens. A cara do suspeito enchia a tela quase por
completo – Mais alguém o reconhece?
Todos
se entreolharam, ninguém parecia saber quem era aquele homem.
—
Aquele é o Sebastian Bergman, aquele psicólogo famoso que ajuda a equipa da
Ricksmord em casos especiais. Já escreveu alguns livros e sim, agora sim faz
sentido.
—
O que é que faz sentido? – pergunta Randalf.
—
Ele foi “diagnosticado” televisivamente por vários outros psicólogos com uma
desordem sexual. Devido à perda da mulher e da filha no tsunami de 2008 ele
desenvolveu este escape para lidar com a dor. Daí a sua necessidade extrema de
conseguir os preservativos para ontem.

Um
toque insistente de campainha despertou Úrsula. Estremunhada, deixou Sebastian
na cama a dormir profundamente e foi até à porta.
—
Inspetora Alicia Oldman. – disse a Inspetora enquanto mostrava o seu
distintivo.
—
Em que posso ajudá-la?
—
Sebastian Bergman está em casa?
—
Está a dormir.
—
Precisamos de falar.
Sebastian
acorda com dois abanões e um grito. Valha-me Deus Úrsula, queres matar-me
ainda antes de me acordares?, pensou.
—
Tens uma visita na sala.
Quando
ele entrou na sala e se deparou com Alicia compreende que a aventura da noite
passada foi bem investigada.
FIM
Deixem a vossa opinião e digam se querem mais
Beijos